JORNAL A TRIBUNA – TRIBUNA LIVRE – 22/07/2017

CIDADANIA: PARTICIPAÇÃO E RESPONSABILIDADE

Muito se fala em exercer o papel de cidadão, fazer parte da comunidade, pensar no coletivo, agir democraticamente, mas, o que de fato é cidadania?

Imagine uma permanente construção, uma obra sem fim, na qual a humanidade busca mais direitos, mais liberdades e mais garantias. Cidadania traz em sua definição participar das decisões visando o bem comum, logo, ser cidadão é agir de forma coerente, onde o direito do próximo valha tanto quanto o seu próprio direito.

Há muito tempo, em Atenas, o conceito surgiu quando o direito de voto era garantido a todos os cidadãos, mas nem todas as pessoas eram consideradas cidadãs. Particularidades e leis impediam quase 90% da população de participar da vida política e das decisões que refletiam diretamente na vida do povo.

Também em Atenas, por volta de 490 a.C, viveu um grande pensador, Péricles, e que, já naquela época, dizia “o que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros”.  Péricles foi membro da aristocracia ateniense, chegando a ser eleito general-chefe, posto máximo na hierarquia política da época, sendo responsável pela expansão política da cidade, incentivando a cultura para que os mais pobres pudessem ir ao teatro e, entre seus mais importantes feitos, está a obra do templo Partenon.

Com o passar dos anos adquirimos voz para expor nossa posição e, lado a lado com a cidadania, a democracia passou a caminhar. Fomos feitos para pensar diferente, não aceitar imposições sem justificativas, respeitar e sermos respeitados; tecendo na história do nosso país o que esperamos de melhor para a nossa própria história.

Com isso, percebemos que a democracia deve ser exercida de forma participativa, com liberdade e responsabilidade, pois só assim o governo é, de fato, do povo e para o povo.

A sociedade que governa, que está próxima e que decide os rumos que quer tomar é representada através de outro direito que conquistamos, o voto, mostrando que o mandato e o poder são dos cidadãos.

E se assim os são, quem quer fazer lei tem que começar cumprindo a lei, com menos política e mais gestão, compartilhada e participativa, afinal, foi por meio da liberdade e da igualdade que adquirimos esse direito.

Liberdade essa que nos permite hoje, no atual cenário político e econômico, continuar lutando por nossos ideais, inclusive os que vão contra os interesses dominantes. Vivemos cenas que mais parecem repetições do passado do que uma nova história sendo escrita, por essa razão, acredito que a população não deva nunca abdicar desse direito, fiscalizando e se manifestando, pois, cabe a nós, povo brasileiro, decidir os rumos que a nossa sociedade deve tomar.

Se somos reflexo do meio em que vivemos e, em aspectos gerais, escolhemos aqueles que vão ditar o futuro da nossa nação e das nossas vidas, devemos fazer valer nossos direitos, o que inclui fazer cumprir nossos deveres, pois, ao final do dia, quando olharmos no espelho, teremos consciência de que somos todos humanos, cidadãos e iguais. Um futuro de igualdade começa com um presente de participação.

 

BRUNO ORLANDI. Vereador mais jovem em Santos, advogado e mestre em Gestão e Política Pública pela FGV.

 

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